A Inteligência Artificial está mudando profundamente a forma como as empresas operam, tomam decisões e se relacionam com seus clientes. Durante o VTEX Day 2025, um dos maiores eventos de tecnologia e inovação da América Latina, dois gigantes do varejo brasileiro, Magazine Luiza e RD Saúde (Raia Drogasil), subiram ao palco para compartilhar como estão utilizando IA para transformar seus negócios.
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O painel contou com a participação de Fred Trajano, CEO do Magalu, e Marcilio D’Amico Pousada, presidente do conselho da RD Saúde, além da mediação de Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail. Eles discutiram os desafios, as oportunidades e os impactos da IA no setor varejista.
A corrida pela IA no varejo brasileiro
Fred Trajano, do Magalu, foi direto: “A IA zerou o jogo”. Segundo ele, o avanço das ferramentas de Inteligência Artificial colocou todas as empresas no mesmo ponto de partida, independentemente do tamanho ou da liderança que ocupavam no mercado até então.
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“É como na Fórmula 1, quando entra a bandeira amarela. Não importa quem estava na frente, todo mundo se agrupa de novo. A IA trouxe isso para o mercado”, explicou Trajano.
O executivo acredita que estamos diante de uma nova era, que ele chama de AI Commerce, na qual o comércio será profundamente impactado por tecnologias generativas e automação inteligente. Para ele, o Brasil tem plenas condições de ser protagonista nesse cenário, quebrando o complexo de ‘vira-lata’ que muitas vezes faz as empresas acreditarem que tecnologia de ponta só vem dos Estados Unidos, da China ou da Europa.
“O brasileiro tem capacidade. Olha o exemplo da própria VTEX, que hoje é multinacional e compete de igual para igual no exterior. A gente não precisa esperar soluções de fora”, defendeu.
Dados: o combustível da transformação digital
Marcilio Pousada, da RD Saúde, destacou que, para a Inteligência Artificial funcionar, é essencial ter uma base de dados extremamente bem organizada. E essa foi uma jornada longa para a companhia.
“Lá atrás, em 2013, começamos a organizar nossos dados. Depois compramos uma empresa na Inglaterra só para estruturar melhor isso. Hoje, temos todos os dados dos nossos clientes muito bem organizados. Sabemos exatamente quem é o cliente, como ele se relaciona com a gente e conseguimos trabalhar esses dados com qualidade”, explicou.
O executivo reforçou que, além da tecnologia, o maior desafio está na mudança cultural dentro das empresas. “Se você faz a pergunta errada, a IA te dá a resposta errada. Imagina uma farmácia que alucina? É um risco gigantesco. Por isso, a cultura é fundamental. A equipe precisa entender como fazer as perguntas certas e usar os dados corretamente”, alertou.
Arquitetura robusta e segurança como pilares
Ambos os líderes concordaram que não basta apenas adotar IA, é preciso garantir segurança, privacidade e governança dos dados. Fred Trajano destacou que o Magalu está desenvolvendo sua própria plataforma de orquestração de agentes de IA, com camadas específicas de segurança, controle de custos e mitigação de alucinações.
“Não dá para brincar. A IA precisa ter padrões, governança e segurança. Não significa que não vai ter erros, mas estamos construindo uma arquitetura que permita escalar com risco controlado”, disse o CEO do Magalu.
Marcilio reforçou que essa governança é crítica, especialmente em setores sensíveis como saúde. “Nossos dados são extremamente sensíveis. É preciso proteger esses ativos, garantir que não sejam vazados e que estejam alinhados com toda a legislação, como a LGPD”, afirmou.
IA não substitui o físico, mas potencializa
Apesar da transformação digital, tanto Magazine Luiza quanto RD Saúde ressaltaram que o físico continua sendo fundamental. “Farmácia salva vidas, e ela sempre vai existir”, disse Marcilio. “O digital potencializa, mas não substitui.”
O executivo lembrou que 95% da população brasileira está a menos de 5 quilômetros de uma farmácia da rede, o que reforça a importância da presença física aliada ao digital.
O futuro: protagonismo brasileiro na IA
O painel terminou com uma mensagem otimista. Tanto Fred Trajano quanto Marcilio Pousada acreditam que o Brasil tem tudo para liderar a adoção e o desenvolvimento de Inteligência Artificial no varejo.
“Vamos fazer aqui, no Brasil, tecnologia de ponta, IA aplicada ao varejo e soluções que podem, inclusive, ser exportadas. É nisso que eu acredito e é para isso que estamos trabalhando no Magalu”, finalizou Fred Trajano.
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