Pesquisadores do Centro Espacial Johnson, da NASA, descobriram que o núcleo de Marte se formou bem mais rápido que o da Terra. O segredo está nos sulfetos de ferro derretido e de níquel, que mergulharam pela camada de rochas sólidas que cerca o planeta e alcançaram seu centro — que pode muito bem ter cheiro nada agradável.
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Para entender, é preciso ter em mente que os planetas são formados por camadas: a mais externa delas é a crosta (que é onde estamos), acomodada sobre o manto. Mais ao fundo, estão o núcleo externo e sólido e o interno e derretido, cuja rotação pode criar um campo magnético global.

Os cientistas planetários chamam estas camadas de diferenciação, porque os elementos mais densos (como o ferro e níquel) afundam para o interior dos planetas, enquanto os mais leves permanecem em suas camadas externas. Para a comunidade científica, o interior do planeta precisa ser derretido para o níquel e ferro afundarem até o núcleo.
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No caso da Terra, isso pareceu ter ocorrido ao longo de bilhões de anos devido ao calor liberado pelo decaimento do alumínio-26 e do ferro-56. Já em Marte, o cenário é outro: os meteoritos do Planeta Vermelho têm evidências que indicam que seu núcleo se formou poucos milhões de anos após o surgimento do Sistema Solar, ou seja, Marte teria evoluído mais rápido que a Terra.
O problema é que os modelos de formação planetária não conseguiam replicar este processo. Os planetas do nosso sistema nasceram do disco protoplanetário (disco de gás e poeira) ao redor do Sol, e a gravidade do astro atraiu os elementos e minerais mais pesados ali, como o ferro e níquel. Como resultado, estes elementos foram para a área central do disco, enquanto os mais leves ficaram na área mais externa.
Marte se formou entre estas duas áreas, ou seja, havia grandes quantidades de ferro e níquel em seus arredores, mas também havia espaço para elementos mais leves, como enxofre. Os sulfetos de ferro e níquel derretidos podem afundar através das pequenas rachaduras entre os minerais das rochas sólidas. Após milhões de anos, eles se acumulam no núcleo do planeta — e isso ocorre bem antes de o decaimento dos elementos radioativos derreter esta área.

Através de experimentos eles confirmaram que os componentes mais densos e derretidos podem migrar para o centro de um corpo planetário e formar um núcleo ali antes que as rochas nos arredores derreta. Este modelo de formação do núcleo pode ser aplicado a qualquer grande objeto que estivesse naquela região do disco protoplanetário.
Assim, os resultados respondem algumas perguntas importantes sobre a “infância” do Planeta Vermelho e indicam que seu interior deve ser rico em enxofre — o composto responsável pelo mau cheiro típico dos ovos podres.
A pesquisa foi publicada na revista Nature Communications.
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Fonte: Canaltech - Leia mais