O Brasil foi o primeiro país do mundo a registrar mortes por febre Oropouche, o que nos acende uma preocupação particular em relação à doença. Como todo cuidado é pouco, vale entender tudo sobre o mosquito transmissor, maruim (Culicoides paraensis), também conhecido como mosquito-pólvora. Apesar do tamanho minúsculo, é um vetor poderoso e está presente em quase todo o Brasil.
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O maruim mede cerca de 1,5 mm, mas pode chegar até 3 mm. É nativo das Américas e foi descrito pela primeira vez no Pará, em 1905. Hoje, é encontrado desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina, com registros confirmados em 15 estados brasileiros.
O maruim é capaz de atravessar telas comuns de proteção, devido ao seu porte reduzido. Seu voo costuma ocorrer em um raio de até 500 metros do local de reprodução, podendo alcançar até 2 quilômetros quando dispersado pelo vento.
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De acordo com a Fiocruz, esse inseto vive principalmente em florestas e áreas rurais, com destaque para locais de plantação de banana. No entanto, tem sido cada vez mais relatado em áreas urbanas, especialmente em regiões com modificações ambientais.
Como o maruim se reproduz

A fêmea do maruim deposita os ovos em locais úmidos e ricos em matéria orgânica, como troncos em decomposição, folhas no chão e cepos de bananeira. O ciclo de vida é semelhante ao dos mosquitos: ovo, larva, pupa e adulto, com duração estimada em cerca de 30 dias.
O instituto ainda revela que a alimentação básica dos maruins é o néctar de plantas. Somente as fêmeas picam, pois precisam de sangue para desenvolver seus ovos. Suas picadas são dolorosas e causam grande incômodo, principalmente ao final da tarde, quando há maior atividade do inseto.
Como se proteger do Maruim

Repelentes e inseticidas não funcionam bem contra o maruim, então a recomendação é evitar áreas infestadas, usar roupas compridas e, em alguns casos, aplicar óleos corporais como barreira física. Também é essencial eliminar os criadouros no ambiente, removendo folhas e matéria orgânica em decomposição.
Transmissão de Oropouche
Os dados da Fiocruz indicam que o maruim permanece como principal vetor da Oropouche, e que nenhum outro vetor tão ou mais competente que o maruim foi provado. No ciclo urbano, os estudos apontaram o maruim como vetor primário do vírus e o pernilongo como vetor secundário.
Nos experimentos, foi observado que o maruim pode se infectar a partir de baixa carga viral no sangue, enquanto o pernilongo precisa de alta carga viral para se infectar. Além disso, naquele período, o maruim foi o inseto encontrado infectado com mais frequência nas áreas de epidemia. Nossos dados mostram que, em muitos locais onde a Oropouche está sendo diagnosticada atualmente, já tínhamos relatos anteriores de infestação por C. paraensis, como na Bahia, Santa Catarina, Espírito Santo e a região serrana do Rio de Janeiro.
No ciclo silvestre, animais como macacos, preguiças, roedores e até aves são reservatórios do vírus. O maruim se infecta ao picar um animal infectado e transmite o vírus para outros animais através da picada. No ciclo urbano, o ser humano é o reservatório do vírus.
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