A japonesa ispace tentou pousar na quinta-feira (5) seu lander Resilience em Mare Frigoris, uma planície de basaltos na Lua, mas não teve sucesso. A falha foi confirmada pela empresa — se tivesse conseguido pousar corretamente, o Resilience levaria experimentos e outras cargas úteis à superfície do nosso satélite natural. Mesmo assim, sua missão gerou informações importantes.
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Os dados preliminares de telemetria indicaram que o dispositivo responsável por medir a distância entre a sonda e a superfície lunar teve alguns atrasos na coleta dos dados. Como resultado, não foi possível desacelerar o Resilience até a velocidade necessária para o pouso em segurança.
Fly me to the Moon 🎵🌝
RESILIENCE status: nominal
Distance above the Lunar surface: ca. 100 km
Current orbital phase: Low lunar orbit, traveling at ca. 5,800 km/hRESILIENCE remains in a circular orbit as landing day approaches. This video was captured from lunar orbit by… pic.twitter.com/Ll7FCudqL5
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–— ispace (@ispace_inc) June 4, 2025
Com 2,3 m de altura e uma tonelada quando totalmente carregado, o Resilience era o segundo lander lunar do programa Hakuto-R, da ispace. Seu antecessor, o lander da Missão 1 Hakuto-R, foi lançado com sucesso ao nosso satélite natural, mas teve problemas para calcular a altura de uma cratera na hora do pouso. Como resultado, o módulo colidiu com a superfície lunar.
Se tivesse conseguido pousar, o Resilience tornaria-se a primeira espaçonave japonesa a descer com sucesso à Lua. Em seu interior, o lander levou uma série de experimentos científicos e objetos inusitados, como uma placa comemorativa e uma casa (entenda melhor logo abaixo).
Apesar do desfecho da missão, os engenheiros conseguiram lições valiosas para as próximas tentativas. Confira algumas curiosidades sobre o lander Resilience e sua missão lunar.
1. Conheça Tenacious, o rover

Entre as cargas úteis do Resilience estava o Tenacious, o rover da ispace. Ele tinha uma câmera de alta definição na parte dianteira e uma pequena pá para coletar amostras que seriam fotografadas depois. Compacto, media 26cm de altura, 31,5cm de largura e 54cm de comprimento.
2. O Resilience levou experimentos…
O Resilience levou diferentes experimentos, e um deles era um eletrolisador de água da Takasago Thermal Engineering Co., que prometia testar a viabilidade da produção de oxigênio e hidrogênio a partir da água na Lua. O processo é considerado crítico para que a exploração lunar sustentável se torne realidade.
Além disso, o lander contava com um módulo autônomo da Euglena Co., que investigaria o cultivo de algas como fonte de alimento. Os resultados ajudariam em missões lunares e, claro, em destinos ainda mais distantes no espaço.
Finalmente, o outro experimento a bordo era a Deep Space Radiation Probe (DSRP), instrumento da Universidade Nacional Central de Taiwan que monitorou a radiação no voo e continuaria coletando os dados no ambiente lunar.
3. Uma placa…
We’re wrapping up the highlights of our payload customers with Bandai Namco!
Our RESILIENCE lander is carrying 6 payloads, one of which is a commemorative alloy plate developed by Bandai Namco Research Institute, Inc.
The plate, which was made using a special alloy and modeled… pic.twitter.com/OkPSzyl4MS
— ispace (@ispace_inc) January 14, 2025
Outro “passageiro” do Resilience era uma placa metálica especial da Bandai Namco Research Institute, Inc, conglomerado de mídia japonês. O design da peça foi inspirado na “Carta do Século Universal”, documento fictício da famosa franquia de ficção científica Gundam.
4. …e uma casa!

Já o rover Tenacious leva consigo a Moonhouse, uma pequena casa pintada em vermelho e branco no melhor estilo sueco. A estrutura foi idealizada pelo sueco Mikael Genberg, media apenas alguns centímetros e foi criada para ser um “uma obra de arte governada pela imaginação individual — todo mundo tem sua própria casa lunar”.
Genberg teve a ideia em 1999, quando descobriu que a SMART-1, a primeira sonda europeia enviada para a Lua, foi criada pela Swedish Space Corporation. Ele já enviou uma versão da Moonhouse ao ônibus espacial Discovery e à Estação Espacial Internacional.
5. Viagem longa
O Resilience foi lançado à Lua em janeiro, ou seja, levou quase cinco meses para alcançar nosso satélite natural. O motivo disso é que ele viajou em uma rota de transferência de baixa energia que o levou por centenas de milhares de quilômetros em uma trajetória lenta, mas eficiente.
Basicamente, a espaçonave viajou pelo espaço para ser capturada naturalmente pela gravidade lunar. Assim, ela poderia entrar na órbita do nosso satélite natural sem a necessidade de grandes ajustes de propulsão que o levariam em rotas mais diretas.
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