A evolução dos meios de pagamento tem desempenhado um papel central no crescimento do e-commerce global. Ao tornar a jornada de compra mais fluida, segura e acessível, essas soluções não só aumentam a conversão como também ampliam o alcance do comércio eletrônico para novos públicos. E, embora o Brasil tenha avançado nos últimos anos, ainda há muito a aprender com os modelos adotados por mercados mais maduros, como Estados Unidos e China.
Nos EUA, a digitalização dos pagamentos acompanha o comportamento de um consumidor exigente, habituado à conveniência. Soluções como Apple Pay, Google Pay, PayPal e carteiras digitais integradas ao celular são amplamente utilizadas, principalmente em compras via mobile. O cartão de crédito segue dominante, mas já incorporado a experiências mais intuitivas e rápidas. Outro destaque relevante é a popularização do modelo “Buy Now, Pay Later” (BNPL), que atrai especialmente o público jovem ao oferecer parcelamentos sem juros e com aprovação simplificada.
Na China, a revolução dos pagamentos digitais foi ainda mais radical. Lá, o consumidor praticamente abandonou o cartão. Tudo é feito pelos super apps: Alipay e WeChat Pay concentram não apenas pagamentos, mas compras, transferências, agendamentos e até investimentos. Em poucos toques, o usuário resolve sua vida financeira e de consumo com total integração. A presença do QR Code como padrão, o uso de reconhecimento facial e a experiência sem fricções criaram um ambiente ideal para o crescimento de formatos como o live commerce, cada vez mais relevante no país.
E o Brasil? Temos motivos para comemorar. O Pix, lançado em 2020, já se consolidou como um dos meios de pagamento mais utilizados do país e foi um divisor de águas para a digitalização de pequenas empresas e consumidores de classes C e D. De rápida adoção e sem custos para o consumidor, ele já representa mais de 35% das transações no e-commerce, segundo dados da ABComm. Além disso, o surgimento de carteiras digitais, crediários online e startups de pagamento tem democratizado o acesso ao comércio eletrônico.
Mas os desafios persistem. Ainda enfrentamos altos índices de abandono de carrinho por conta de fricções no checkout. A dependência do cartão de crédito e suas limitações de acesso para boa parte da população impede uma inclusão plena. E o modelo de parcelamento tradicional, embora culturalmente forte, pode se tornar um entrave à inovação se não for repensado em conjunto com o mercado financeiro.
O Brasil pode e deve se inspirar nos exemplos internacionais para continuar avançando. Isso significa investir em segurança e usabilidade, integrar as soluções de pagamento a jornadas mais inteligentes e fortalecer a confiança do consumidor. Também é essencial fomentar o uso de tecnologias que reduzam a burocracia no crédito e expandam o acesso a meios modernos de consumo, como o BNPL e as carteiras digitais integradas ao ambiente mobile.
A transformação dos pagamentos é, antes de tudo, uma transformação de acesso. E quem liderar essa mudança com responsabilidade, inovação e foco na experiência do usuário, terá um papel estratégico no futuro do e-commerce nacional.
Monisi Costa, diretora de Payments & Banking da Vindi.
Fonte: TI INSIDE Online - Leia mais