Durante o Advancing AI 2025, evento global da AMD realizado em San Jose, nos Estados Unidos, o Canaltech entrevistou com exclusividade Soni Jiandani, vice-presidente sênior e gerente geral do Grupo de Tecnologia e Soluções de Rede da AMD. Referência global no setor de redes para data centers, Soni lidera iniciativas cruciais para preparar a infraestrutura digital para a nova era da Inteligência Artificial com foco em escalabilidade, performance e confiabilidade.
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Mais do que falar sobretecnologia, Soni compartilhou também sua visão sobre liderança feminina em um setor ainda predominantemente masculino. “Os principais desafios também são as maiores oportunidades”, disse. “Na tecnologia, é preciso abrir mão de certezas e estar disposta a transformar a si mesma. E essa transformação precisa ser coletiva: ninguém inova sozinho. Você é tão forte quanto o time que constrói com você.”
Segundo a executiva, ouvir os clientes, acompanhar o mercado e ter uma visão sistêmica e global são atitudes essenciais para liderar com propósito em um cenário de mudanças aceleradas, especialmente em um momento em que a Inteligência Artificial exige estruturas capazes de lidar com volumes massivos de dados, em tempo real e com baixo consumo energético.
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Evolução da Ethernet para a era da IA
Na prática, a AMD está apostando em tecnologias abertas para desafiar soluções fechadas, como InfiniBand e NVLink, da Nvidia.
O plano da companhia é escalar a IA com novas arquiteturas, como UEC (Ultra Ethernet Consortium) e UALink (Ultra Accelerator Link), dois padrões colaborativos com forte potencial de transformação.
“A Ethernet sempre vence”, afirmou Soni. “Ela não foi feita para IA, mas evoluiu ao longo de 35 anos e se tornou um transporte universal. Com o UEC e o UALink, levamos essa base adiante e conseguimos entregar 20 vezes mais escala do que o InfiniBand e 10 vezes mais que a Ethernet tradicional.”
Um exemplo concreto é o chip Polara, já em produção, que combina 400 GB de capacidade com alta programabilidade, permitindo personalizações conforme as demandas dos clientes. Essa flexibilidade, segundo Soni, é um dos segredos para entregar soluções que vão desde empresas como Oracle, que planejam usar GPUs AMD MI350 em 130 mil nós, até startups que buscam alternativas abertas e acessíveis.
Padrões abertos para democratizar a IA
Mais do que performance, o que a AMD propõe com UALink e UEC é uma mudança de cultura. Em vez de um mercado fechado e verticalizado, a empresa acredita que o futuro da Inteligência Artificial passa pela democratização da inovação, com arquiteturas abertas e compatíveis entre si.
“Assim como a internet democratizou o acesso à informação, agora temos a chance de fazer o mesmo com a IA”, destacou Soni. “Com mais de 100 membros no consórcio do UALink, estamos construindo juntos um ecossistema onde diferentes empresas contribuem, inovam e se beneficiam mutuamente.”
Ela ressaltou ainda que os produtos AMD são programáveis por design, o que permite adaptar redes inteiras conforme novas gerações de chips surgem: “A arquitetura precisa ter pernas para o futuro. Pensamos nos produtos como plataformas de múltiplas gerações. Isso dá liberdade para nossos clientes e evita o aprisionamento tecnológico.”
Desempenho que supera a concorrência
Nos primeiros testes, a nova placa de rede da AMD, chamada Polara, teve um desempenho acima do esperado.“Em apenas 60 dias de benchmark, vimos que a Polara teve desempenho 10% melhor do que a ConnectX 7, da Nvidia, em aplicações de scale-out”, contou.
Esse avanço foi possível, segundo ela, porque a AMD transferiu bibliotecas de funções da CPU e GPU para rodar diretamente na Polara. “É um salto de eficiência. E isso não é só sobre nós, é sobre permitir que o setor inteiro evolua junto. A IA não pode ser um clube fechado.”
Futuro em rede: escalável, confiável e disponível
Para Jiandani, três palavras norteiam esse movimento: escala, performance e confiabilidade. “Quando você constrói uma rede para IA, precisa pensar na recuperação de falhas, na disponibilidade de links e na manutenção do serviço. A AMD está investindo pesado também em software para garantir que nossas redes de IA não só funcionem bem, mas sejam resilientes.”
No encerramento da conversa, Soni reforçou que a empresa não pretende caminhar sozinha. “Nossa força está no ecossistema. Estamos construindo junto com parceiros, clientes, desenvolvedores e a comunidade de código aberto. Porque o futuro da IA é coletivo.”
A entrevista foi realizada com exclusividade pelo Canaltech durante o evento Advancing AI 2025, em San Jose (EUA). A jornalista viajou a convite da AMD.
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Fonte: Canaltech - Leia mais