A inteligência artificial (IA) entrou em um novo ciclo no Brasil, marcado por mais maturidade, pragmatismo e aumento dos riscos cibernéticos. Essa foi a principal conclusão do Check Point Engage Brasil 2025, evento promovido pela Check Point Software Technologies, que reuniu especialistas e executivos para discutir os impactos e desafios da tecnologia no atual cenário de segurança digital.
Segundo Eduardo Gonçalves, country manager da Check Point Software Brasil, o mercado brasileiro vive um ponto de inflexão. “A IA deixou de ser uma promessa abstrata. Agora, ela exige responsabilidade, governança e estratégias sólidas de segurança. O entusiasmo inicial deu lugar a uma visão mais crítica e orientada por resultados reais”, afirmou.
A avaliação ocorre em um momento crítico. Dados da Check Point Research (CPR), unidade de inteligência de ameaças da companhia, revelam que uma organização no Brasil sofre, em média, 2.721 ataques cibernéticos por semana – número 40% acima da média global. Ainda segundo o relatório, 85% dos arquivos maliciosos no país foram distribuídos pela web nos últimos 30 dias, sendo o malware FakeUpdates o mais recorrente.
Entre as principais ameaças em circulação no país estão trojans de acesso remoto (RATs), botnets como Androxgh0st e ferramentas de download malicioso. A vulnerabilidade mais explorada, segundo a empresa, é a de divulgação de informações, afetando 71% das organizações brasileiras. Os setores mais visados incluem Educação, Finanças, Saúde e Comunicações.
IA amplia campo de ação de cibercriminosos
O avanço da inteligência artificial, especialmente da IA generativa, também está sendo explorado por atores maliciosos para sofisticar seus métodos. O novo Relatório de Segurança de IA da Check Point identificou quatro frentes de uso ofensivo da tecnologia:
Deepfakes e engenharia social: vídeos e áudios falsos estão sendo usados para fraudes de identidade e golpes, com casos já registrados no Brasil.
Envenenamento de dados: manipulação de conjuntos de dados para distorcer o comportamento de LLMs (modelos de linguagem).
Criação de malware por IA: ferramentas como a Gabbers Shop utilizam IA para minerar e refinar dados roubados.
Armas cibernéticas baseadas em LLMs: modelos desenvolvidos na dark web estão sendo comercializados como vetores de ataque.
Estratégias para um novo ciclo de proteção
A resposta, segundo a Check Point, está na adoção de defesas também baseadas em IA, com foco em detecção proativa e mitigação rápida. Entre as recomendações da empresa estão:
Detecção inteligente de ameaças sintéticas;
Verificação de identidade em múltiplas camadas;
Inteligência de ameaças com contexto em tempo real.
Essas soluções fazem parte da integração da IA aos produtos e plataformas da Check Point, com o objetivo de aumentar a produtividade das equipes de segurança e reduzir a superfície de ataque. “As empresas brasileiras estão mais conscientes. A tendência agora é adotar a IA com estratégia, buscando valor real e sem negligenciar a proteção”, conclui Gonçalves.
Para a companhia, a próxima fase da IA no Brasil exigirá regulamentação, controles mais rigorosos e o alinhamento entre inovação e cibersegurança como elementos centrais da transformação digital.
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Fonte: TI INSIDE Online - Leia mais