Uma pesquisa multidisciplinar envolvendo diversos pesquisadores de universidades britânicas, especialmente arqueólogos, estudou a gravidez na Era Viking da Escandinávia, revelando como a sociedade da época tratava as mulheres grávidas, seus fetos e seus corpos após a morte. Segundo os especialistas, o tema é muitas vezes ignorado na arqueologia, especialmente porque a gravidez deixa poucos traços materiais.
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No estudo, a equipe afirma que tópicos como a gravidez e o nascimento são geralmente vistos como “problemas das mulheres”, parte da esfera “natural” ou “privada” da vida. Ao encontrar evidências escritas e arqueológicas dos vikings, descobriu-se que esse não era o caso na antiga sociedade, muito romantizada por conta dos guerreiros dos séculos IX a XII.
A gravidez para os vikings
Nas fontes nórdicas antigas, que, apesar de terem sido escritas após a era viking, ainda contém sagas e histórias dos descendentes diretos desse povo, foram encontrados vários termos para descrever a gravidez. Eles eram “barriga-cheia”, “não-leve” e “não-completo”. Um indício de que eles consideravam fetos como pessoas está, ainda, no termo “mulher que não anda sozinha”.
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Em uma das sagas, vê-se que filhos ainda não nascidos já eram ligados aos sistemas de clãs, alianças e rivalidades dos diferentes reinos. Nela, a grávida Guðrún Ósvífrsdóttir confronta o assassino de seu marido, Helgi Harðbeinsson, que a provoca limpando a lança ensanguentada nas roupas por cima da barriga da mulher. Ele afirma acreditar que, abaixo do xale que ela veste, mora sua morte — profecia que se cumpre, já que, quando adulto, o filho de Guðrún realmente o mata.
Na saga do explorador Eric, o Vermelho, a grávida Freydís Eiríksdóttir é cercada durante um ataque de skrælings (como os nórdicos chamavam os nativos da Groenlândia e do Canadá), os desafiando ao pegar uma espada, desnudar o seio e golpeá-lo com a arma. Assustados, os inimigos fogem. Já em uma joia sueca do século X, é vista uma grávida usando um capacete de guerra.
As histórias e a arte viking mostram que as mulheres podiam se envolver nas guerras e na violência de sua sociedade, mas evidências arqueológicas são mais difíceis de se encontrar. Há apenas 14 túmulos com mulheres enterradas com seus filhos recém-nascidos ou pequenos, sugerindo que grávidas não eram comumente ligadas a natimortos ou fetos, não sendo encarados como uma unidade simbiótica.
O que complica as coisas é a falta de crianças no registro de enterros, já que sua ausência implica que seus restos mortais eram descartados de outras maneiras. Quando estão com outros corpos (há casos de mulheres na menopausa e homens adultos com algumas), pode ser um sinal de que foram considerados um “bem”, como os outros objetos pessoais enterrados.
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