O Brasil está prestes a dar mais um passo rumo à sua autonomia espacial com o lançamento de um Veículo Lançador de Pequeno Porte (VLPP). Conhecido como MLBR — Microlançador Brasileiro —, o foguete é uma das grandes apostas do setor aeroespacial para os próximos anos.
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O MLBR foi apresentado oficialmente nesta terça-feira (3) no SpaceBR Show, e tem previsão para decolar pela primeira vez em 2026. O foguete terá 12 metros de altura, 1,1 metro de diâmetro e contará com uma capacidade de carga útil de aproximadamente 40 kg.
A proposta é que o microlançador atenda a uma demanda cada vez maior do mercado global por lançamentos de pequenos satélites voltados para áreas como telecomunicações, agricultura, meio ambiente e segurança.
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Etapas de produção
O projeto já passou por etapas importantes, como a Preliminary Design Review (PDR) e a Critical Design Review (CDR). Essas duas fases representam a definição formal de todos os requisitos e configurações de engenharia do foguete.
“Com o CDR, concluímos a fase de configuração do veículo. Agora, estamos prontos para começar a fabricar e qualificar cada uma das partes do MLBR, para depois realizar os testes e, posteriormente, o primeiro lançamento”, destacou Rafael Mordente, CEO da Concert Space — uma das empresas envolvidas na produção do foguete —, em entrevista ao Canaltech.
O próximo grande estágio é a Systems Qualification Review (SQR), na qual será avaliada a qualificação dos principais subsistemas do veículo, como propulsão, redes elétricas, estruturas e rampa de lançamento.
Destaques do projeto
Um dos destaques relacionados às tecnologias incorporadas ao veículo é a utilização de um Sistema de Navegação Inercial (SNI). Trata-se de um conjunto de sensores e processadores que permite determinar a posição, velocidade e orientação do foguete sem depender de sinais externos, como o GPS.
“Esse sistema é responsável por fazer toda a identificação de movimento e aceleração do veículo durante a sua trajetória. Ao perceber uma variação anômala na rota, ele envia um aviso para um computador relacionado à missão, que reajusta a trajetória do veículo”, ressaltou Mordente.
Pesquisadores envolvidos no projeto também destacam a substituição de um sistema de propulsão sólida por um de propulsão líquida no terceiro estágio do foguete.
“No caso do propulsor líquido, você consegue controlar o empuxo, consegue dar partida no motor, consegue desligá-lo. Já o motor sólido começa a queimar e não para mais. Além disso, temos o objetivo de dobrar a capacidade de carga útil para 80 kg com esse terceiro estágio de propulsão líquida”, pontua Nicolas Miquelin, chefe de propulsão da Bizu Space, outra companhia que participa do MLBR.

Autonomia brasileira
O Microlançador Brasileiro é uma das grandes apostas rumo à autonomia espacial brasileira, posicionando o país como uma das referências globais do setor nos próximos anos. Ainda de acordo com Rafael Mordente, o veículo deve representar uma das etapas finais relacionadas à Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), programa instituído em 1979 pelo Governo Federal.
“O objetivo é lançar, a partir de um centro de lançamento brasileiro, um satélite nacional dentro de um veículo lançador desenvolvido no país. É preciso fazer tudo isso com produtos finais desenvolvidos em escala nacional”, explica o CEO da Concert Space.

O MLBR vai alçar voo a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. A base conta com tecnologia de ponta e uma localização privilegiada para lançamentos espaciais, além de condições meteorológicas favoráveis.
Segundo Mordente, o destaque do CLA é o seu posicionamento muito próximo à linha do Equador, o que permite que um lançamento a partir do local economize cerca de 30% do combustível necessário para a decolagem. Como 90% da massa de um veículo desse tipo é composta por combustível, essa economia pode resultar em uma maior capacidade de transportar cargas úteis.
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Fonte: Canaltech - Leia mais