Parece que a SpaceX está no caminho certo para corrigir os problemas observados no motor do Starship, o maior e mais poderoso foguete já criado. É o que declarou Elon Musk, fundador da companhia aeroespacial, em entrevista ao ArsTechnica antes do 9º teste de voo do veículo, conduzido na terça-feira (27). Era esperado que o bilionário fizesse um discurso sobre seus planos para a exploração espacial, mas a apresentação não aconteceu.
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O lançamento ocorreu às 20h37 no horário de Brasília a partir das instalações de Starbase, no Texas. Desta vez, os estágios do foguete se separaram conforme o esperado, mas não demorou muito e logo ambos explodiram.
Liftoff of Starship! pic.twitter.com/aXAwLkRbuK
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–— SpaceX (@SpaceX) May 27, 2025
“O Starship conseguiu chegar à desativação de motores programada! Uma grande melhoria em relação ao último voo!”, escreveu ele no X, antigo Twitter. Em outra publicação, ele declarou que sua fala seria adiada, e que ocorreria após o lançamento.
O desfecho já era esperado — segundo Musk, o sucesso da missão viria dos dados obtidos.
O mais importante são os dados de como melhorar o design das placas [do revestimento do Starship], então basicamente são os dados durante o grande aquecimento da reentrada para melhorar as placas para a próxima tentativa.
Além disso, ele também observou que a empresa queria verificar se consertou os problemas que causaram as explosões dos dois últimos voos anteriores. Musk afirmou que estimava de 80% a 90% de certeza de as correções terem sido feitas:
Para realmente ter 100% de chance, é necessária a renovação do projeto do motor. E, em parte, tivemos que descobrir que precisávamos apertar os parafusos que prendiam a câmara de empuxo ao cabeçote do injetor após o acionamento.
O Starship é formado pelo propulsor Super Heavy e pelo Starship, a espaçonave propriamente dita. Juntos, ambos formam o maior foguete já construído, que promete levar humanos à Lua e a destinos mais distantes no espaço, como Marte.
Dos satélites Starlink ao foguete Starship
Na sequência, Musk recordou as etapas iniciais do programa dos satélites Starlink e do Starship, em que a expectativa era que ambos fossem falhar — opinião compartilhada ele próprio.
Fui entrevistado nos primeiros dias da Starlink, e me perguntaram qual era o objetivo da Starlink. Eu disse que o objetivo número um: não ir à falência, pois todas as outras constelações de comunicações [em órbita baixa da Terra] faliram, e não queremos nos juntar a elas no cemitério. Portanto, qualquer resultado que não resulte em morte seria um bom resultado.
Agora, ele acredita que, se o programa do Starship tiver sucesso, é questão de tempo que a SpaceX possa declarar que criou o primeiro veículo de lançamentos totalmente reutilizável:
Ninguém jamais fabricou um veículo orbital totalmente reutilizável, e mesmo as partes que foram reutilizáveis foram extremamente difíceis de reutilizar, de modo que a economia era pior do que a de um foguete descartável em muitos casos. O exemplo canônico é o ônibus espacial, no qual o custo de todo o programa, totalmente carregado, acredito, era de cerca de um bilhão de dólares por voo.
Segundo ele, o trabalho que a empresa vem realizando é comparável ao da Union Pacific Railroad, empresa fundada em 1862 nos Estados Unidos para construir uma ferrovia do Rio Missouri na direção oeste, rumo ao Pacífico:
Assim que você tiver o sistema de transporte a Marte, vai haver um conjunto vasto de oportunidades que vão se abrir para fazer qualquer coisa por lá, sabe, de construir uma fábrica de semicondutores a uma pizzaria, basicamente, construir uma civilização […]
Portanto, queremos resolver o problema do transporte e isso pode permitir que filantropos e empresários façam coisas em Marte, que é tudo o que é necessário para a civilização. […] Queremos levar as pessoas até lá e, se conseguirmos levar as pessoas até lá, haverá literalmente um mundo de oportunidades.
Não é de hoje que o bilionário expressa sua forte convicção em levar humanos a Marte. Ele observou que os Estados Unidos deveriam ter o Planeta Vermelho como foco, afinal, já houve astronautas norte-americanos na Lua e várias missões robóticas do país foram para lá:
Se você observar o programa Apollo, quando JFK fez aquele famoso discurso, tratava-se de estabelecer uma meta que excedia em muito o que já havia sido feito. Não era algo como “vamos fazer o que os russos já fizeram”. Deveríamos ir 1.000 vezes mais longe e ir a Marte. Marte é 1.000 vezes mais longe do que a Lua. E se formos à Lua, acho que deveríamos fazer uma base lunar ou algo que seja o próximo nível além da Apollo.
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