O mercado de tecnologia no Brasil deve crescer 9,5% em 2025, superando a média global de 8,9%, aponta Jorge Sukarie, conselheiro da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), parceira do estudo realizado pelo IDC, mas a falta de profissionais qualificados ainda representa um gargalo para o setor.
Desde 2021, a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais) vêm alertando que existe uma defasagem da ordem de mais de 100.000 profissionais por ano entre as vagas de emprego disponíveis em TI e a quantidade de formandos nas universidades. Parece que a educação tradicional não está conseguindo dar conta de tanta demanda, e que há espaço para que surjam novas e complementares soluções educacionais.
Uma destas soluções complementares é a educação profissionalizante. Enquanto a educação tradicional possui foco em uma formação mais abrangente, generalista, e, obviamente, de longa duração, a educação profissionalizante pode se dar ao luxo de focar em apenas um assunto, dissecá-lo em pouco tempo, e, em questão de poucas semanas, formar um profissional para se certificar em determinada tecnologia e já ingressar no mercado de trabalho, fazendo parte de uma equipe e contribuindo nas atividades que estão já a altura do seu conhecimento.
Não é nenhuma novidade que os cursos profissionalizantes, focados, especializados e de curta duração ajudam a acelerar a formação de novos profissionais, a aumentar o ecossistema em torno de uma tecnologia, e até a dominar mercados. A Microsoft, por exemplo, tem utilizado, desde o começo deste século, as trilhas de treinamentos e certificações nas suas soluções como uma bem sucedida estratégia para fidelizar talentos e vencer batalhas contra a concorrência pela liderança mercadológica nos diversos segmentos em que atua.
Transformação digital e a urgência por talentos capacitados
O que vemos hoje vai além de uma mera disputa pela liderança dentro dos setores, trata-se de uma corrida pela sobrevivência empresarial. Com a redução das barreiras econômicas entre os países, o avanço da tecnologia, e o surgimento dos consumidores nativos digitais, a área de TI das empresas passou rapidamente de mera coadjuvante operacional para protagonista estratégica, e os projetos de transformação digital agora têm prioridade na agenda de todos os executivos.
É exatamente isso que aponta o estudo ITDBR 2024 (Índice de Transformação Digital Brasil), conduzido pela PwC e a Fundação Dom Cabral com executivos das principais empresas brasileiras. Para mais de 76% dos respondentes, a visão estratégica e o futuro do negócio das empresas estão intrinsecamente associados à capacidade de avançar com a agenda de transformação digital.
Em um cenário de aumento na demanda por soluções tecnológicas, a disputa pelos profissionais se intensifica, e, portanto, falar de formação de talentos em TI não se trata mais de um assunto restrito apenas às universidades e aos fabricantes de tecnologia. As estratégias e ações para atrair talentos, capacitá-los, e difundir uma cultura interna de compartilhamento de conhecimentos passa a ser uma prioridade para empresas de todos os tamanhos e segmentos.
O papel da tecnologia na democratização do ensino profissionalizante
A boa notícia é que com o advento da Nuvem, e a popularização das suas derivações em soluções de IaaS (Infrastructure as a Service), SaaS (Software as a Service) e PaaS (Platform as a Service), esta tarefa ficou ainda mais fácil, pois agora os alunos dos cursos profissionalizantes podem estudar, praticar e até trabalhar com as principais tecnologias do mercado, incluindo Low-Code, Inteligência Artificial e Cibersegurança, de qualquer local do Brasil e do mundo, bastando para isso apenas uma boa conexão com a internet.
Desta forma, a educação profissionalizante não apenas permite que as empresas tenham maior controle sobre o seu maior diferencial – seus talentos, como também pode ser utilizada como uma estratégia para o desenvolvimento de regiões com populações mais fragilizadas sócio-economicamente, como as do Norte e Nordeste do Brasil.
Embora haja indicadores positivos para o crescimento da tecnologia no Brasil neste e nos próximos anos, a falta de talentos pode retardar e até mesmo atrapalhar a realização desta visão. Quanto antes as empresas assumirem a responsabilidade de enfrentar a escassez de talentos em TI, e entenderem que a educação profissionalizante pode ser uma poderosa aliada nessa jornada, mais rápido avançaremos na transformação digital. E, quem sabe, ao longo desse caminho, não estaremos apenas melhorando os balanços contábeis, mas também transformando vidas.
Leandro Torres, CEO da Smart Coding Lab e BePRO Institute.
Fonte: TI INSIDE Online - Leia mais