Se você estivesse navegando pela internet e, de repente, se deparasse com a frase “st txt n tm vgls, smnt cnsnts”, conseguiria compreender o que está escrito? Mesmo com algumas letras faltando, provavelmente entenderia que se trata da frase: “este texto não tem vogais, somente consoantes”.
- Esqueceu a palavra que queria falar? A ciência explica
- Como surgem os sotaques? Estudo mostra como ocorrem as mudanças fonéticas
- Cientistas conseguem escrever na água pela primeira vez na história
A compreensão de um texto que não contém vogais se deve ao fato de que os humanos não leem palavras letra por letra. Na verdade, a leitura é baseada em padrões, que também consideram contextos e previsões.
Logo, quando entramos em contato com palavras que não contêm as letras a, e, i, o, u, nosso cérebro utiliza experiências passadas e o contexto da frase. Com isso, ele faz suposições baseadas em combinações comuns de letras e no conhecimento prévio sobre o idioma.
–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
“Não recebemos frases passivamente, mas as prevemos ativamente. Nossos cérebros não são telas em branco esperando por informações; eles são construtores de modelos, gerando constantemente expectativas internas sobre o que está lá fora”, destacou o neurocientista David Eagleman, da Universidade de Stanford, à Live Science.
As palavras no cérebro
O reconhecimento das palavras começa com a detecção da forma básica das letras pelos olhos. Essa informação é enviada ao córtex visual, que processa a curvatura desses símbolos. A partir disso, regiões mais internas identificam combinações de letras conhecidas como bigramas — pares de letras que aparecem lado a lado em uma palavra.
Essas informações são posteriormente repassadas para uma região cerebral chamada giro fusiforme esquerdo, mais especificamente para a área visual de formação de palavras (VWFA, na sigla em inglês).
Com a prática, a VWFA se adapta ao idioma que você lê e começa a identificar uma ampla gama de combinações de letras, mesmo quando há ausência de algumas delas.
“Uma teoria é que, no estágio seguinte, após o córtex visual registrar as letras, os neurônios do seu cérebro se ativam quando combinações específicas de letras estão presentes, não palavras inteiras. As combinações de letras detectadas podem ser pares ou trios de letras comuns na sua língua, e então essas combinações podem ativar uma parte do seu cérebro que reconhece a palavra inteira”, explica Alex White, docente de neurociência no Barnard College, em Nova York, à Live Science.

Papel das consoantes
Na ausência das vogais, as consoantes atuam promovendo a ativação parcial de várias palavras na nossa mente. A partir disso, nosso cérebro utiliza informações prévias e o contexto da frase para nos induzir a escolher as letras certas e formar a palavra correta.
A ampla utilização de abreviações no cotidiano também é uma espécie de treinamento para identificarmos palavras mesmo sem algumas letras. Alguns exemplos são: “msg”, “blz”, “Dr.” e “tbm” — respectivamente, “mensagem”, “beleza”, “doutor” e “também”.
Leia mais:
- Nosso cérebro consegue pensar sem usar palavras?
- Significados das palavras são encontrados na oscilação de neurônios
- A ciência das enroladas de língua: o que faz derraparmos na hora de falar?
VÍDEO | O QUE ACONTECE COM O CÉREBRO QUANDO SE TENTA LER EM UM LUGAR BARULHENTO?
Leia a matéria no Canaltech.
Fonte: Canaltech - Leia mais