A abertura econômica dos anos 90, juntamente com os avanços tecnológicos, foi um importante catalisador para a maior integração do Brasil no mercado global. As inovações em tecnologia que antes demoravam anos para chegar ao Brasil, tornaram-se ágeis e passaram a fazer parte do dia a dia do brasileiro. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) afirmam que o Brasil está entre as dez maiores potências globais do mercado de tecnologia. A pesquisa “Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências 2024” também traz dados interessantes: o Brasil, com um aporte de US$ 50 bilhões em investimentos no setor, voltou a figurar entre as dez potências globais em tecnologia, superando países como Coreia do Sul e Itália. O resultado da análise, feita por uma associação brasileira que analisa o mercado de tecnologia, mostra que o Brasil representa 1,6% dos investimentos globais, mantendo sua liderança na América Latina.
Esse cenário torna o nosso país um campo fértil para uma tendência de mercado que pude verificar durante minha participação em evento global de Telecomunicações em Barcelona este ano: o incentivo à adesão aos serviços gerenciados como forma de diversificar os negócios dos provedores de internet (ISPs). A rigor, este modelo de mercado já é aplicado no Brasil há algum tempo, contudo o que pude perceber lá fora é que há espaço para uma mudança de posicionamento, que é transformar as empresas de Telecom Company (Telco) para Technology Company (TechCo). Não mais empresas que vendem somente acesso a internet, mas empresas capazes de fornecer tecnologia completa para seus clientes, sendo um dos vetores mais importantes na dissiminação de tecnologia para os clientes.
Neste novo mindset, o provedor de internet pode avançar muito com ticket de vendas mais alto e fidelização de clientes, adotando a postura de fornecedor de tecnologia por meio de serviços gerenciados – a figura do Managed Service Provider (MSP) – e com valor agregado, tickets maiores e rentabilidade recorrente.
O provedor de internet entra como um agente de tecnologia que pode digitalizar e acelerar o funcionamento dos negócios pelo Brasil a fora. Sua capilaridade serve também a um outro propósito importante que é a democratização ao acesso à tecnologia, promovendo a expansão e regionalização de inovações aos rincões mais distantes dos grandes centros, onde empreendedores estão fazendo a economia local rodar, gerando empregos e renda em suas cidades.
A mudança de olhar na oferta não é eficiente apenas no ponto de vista da venda, mas no dos clientes-empresas, que podem ter acesso à tecnologia de ponta e à segurança qualificada por preços compatíveis com o porte do seu negócio.
É essa atuação proativa de expandir o portfólio de produtos para serviços que venho incentivando os provedores há alguns anos e que deve ser cada vez mais incorporada como expertise. O provedor de internet pode crescer muito ao acrescentar camadas ao seu trabalho. Mudar de Telco para TechCo é mais do que a incorporação de itens, é mudar o mindset para atender de forma diferenciada, apresentando-se como um facilitador e um agente ativo na transformação da tecnologia no Brasil.
Bruno Rigatieri, diretor-comercial e de Marketing da WDC Networks.
Fonte: TI INSIDE Online - Leia mais