Tobi Lütke, CEO da Shopify, publicou um memorando interno, dizendo que os colaboradores da empresa não estavam autorizados a abrir novas vagas sem justificar por que aquela função não deveria ser feita por IA.
A mensagem expôs uma ruptura que já está acontecendo, mesmo que discretamente:
IA deixou de ser ferramenta. Virou critério de decisão.
É isso que muitas lideranças ainda não entenderam. IA não entrou para apoiar a operação. Entrou para disputar espaço com humanos. Em vários casos, tá levando vantagem.
A provocação de Lütke não é um exagero. É a consequência de uma curva que vem acelerando há mais de dois anos. A própria McKinsey mapeou que 75% das tarefas em finanças, 70% em RH e 60% no jurídico já podem ser automatizadas com IA generativa.
E tem mais: 92 milhões de empregos vão desaparecer até 2030 por causa da automação. Mas 170 milhões vão surgir, com foco em áreas mais técnicas, estratégicas e ligadas à IA (World Economic Forum).
Traduzindo: o mercado não está reduzindo pessoas. Está redesenhando papéis.
O problema é que boa parte dos líderes ainda contrata com base no que sempre deu certo. Quem continua abrindo vaga porque a equipe tá sobrecarregada ignora o real custo de manter profissionais presos em tarefas que já deveriam ter sido automatizadas.
Vejo isso com frequência.
Time júnior inflado fazendo o que já poderia estar rodando com um prompt bem calibrado.
Líder técnico ocupando metade do dia montando briefing que um agente autônomo já entregaria.
Gestor contratando baseado em “demanda acumulada”, não em inteligência de alocação.
O papo aqui nem é sobre economia, mas sobre direcionar energia humana pra onde ela faz diferença. A IA não veio pra fazer mais do mesmo. Ela está fazendo o que a gente não deveria mais estar fazendo.
Quem lidera tecnologia, produto ou operação precisa repensar o papel da equipe, antes que a equipe vire o gargalo.
E você, o que você está contratando hoje: pessoas que pensam ou executores de tarefas obsoletas?
Sylvestre Mergulhão, CEO da Impulso
Fonte: TI INSIDE Online - Leia mais