Um homem acorda de um coma em um hospital deserto apenas para descobrir que a cidade onde vive foi praticamente dizimada por um vírus mortal que transformou o lugar em um cenário apocalíptico. Não, não estamos falando da cena de abertura de The Walking Dead (e muito menos da pandemia): a sequência descrita aqui faz parte de Extermínio (2002), longa que, além de ganhar um novo filme nesta semana, mudou para sempre as histórias de zumbis na ficção.
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Primeiro grande papel de Cillian Murphy (Oppenheimer) nas telonas, Extermínio chegou às salas de cinema em meados de 2002 sem muita expectativa de dar certo. Naquela época, o gênero vinha perdendo o prestígio e a popularidade que tinha alcançado em Hollywood graças ao clássico A Noite dos Mortos-Vivos (1968), filme de George A. Romero (Despertar dos Mortos) que, embora não tenha sido o primeiro longa com zumbis, foi o responsável por estabelecer elementos essenciais do gênero.
Com o formato se distanciando, na década de 1990, da imagem mais séria e dramática popularizada pelas obras de Romero, filmes como Fome Animal (1992) e Uma Noite Alucinante 3 (1992) vieram para trazer abordagens cômicas ao gênero, mas, ainda assim, o público não parecia tão interessado em embarcar em histórias de zumbis como antigamente. O gênero parecia saturado e sem muita coisa nova para dizer.
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É por isso que quando o diretor Danny Boyle (Trainspotting: Sem Limites) e o roteirista Alex Garland (Ex_Machina: Instinto Artificial) se juntaram para tirar Extermínio do papel, ninguém poderia imaginar que uma grande mudança nas histórias de zumbis estava prestes a acontecer.
Qual é a história de Extermínio?

Usando uma estética suja e quase amadora, Extermínio acompanha a jornada de Jim (Cillian Murphy), um rapaz que acorda de um coma em um hospital de Londres e descobre que uma praga transformou boa parte dos habitantes em zumbis.
Fugindo dos monstros, Jim acaba conhecendo Selena (Naomi Harris) e Mark (Noah Huntley), uma dupla de sobreviventes com quem ele se junta para tentar se salvar. Até que uma transmissão de rádio feita por soldados, que dizem ter a cura para o vírus, faz com que eles tomem a decisão de ir atrás do local, lutando por suas vidas para manter algum resquício de esperança.
Por que Extermínio mudou o gênero de zumbis?

Um conjunto de fatores fez com que Extermínio se tornasse um dos filmes de zumbi mais influentes do cinema, provocando uma verdadeira mudança na maneira como histórias do gênero são apresentadas ao público até os dias de hoje. Se A Noite dos Mortos-Vivos estabeleceu as regras do jogo, Extermínio chegou aos cinemas nos anos 2000 para subverter o formato, resgatando a popularidade do gênero com ideias novas e frescas.
Para começar, Extermínio foi um divisor de águas no gênero zumbi por ter apresentado uma versão mais realista da coisa, no sentido de que, acompanhando a jornada de Jim por uma Londres pós-apocalíptica, você facilmente imaginaria que aquele cenário poderia acontecer de verdade. Em um mundo pós-pandêmico, por exemplo, ver a sequência inicial de Extermínio, que mostra Jim caminhando por ruas desertas e sem vida na capital da Inglaterra, parece quase um documentário de tão realista que ela é.
Essa atmosfera “pé no chão” de Extermínio também foi um contraponto em relação às comédias do gênero zumbi que vinham sendo feitas na década de 1990, aproximando-se do público com uma trama mais focada nos dramas internos dos personagens. O longa ainda foi pelo caminho oposto dos famosos filmes de Romero, explorando as questões psicológicas dos seres humanos em meio a um apocalipse zumbi ao invés de apenas trazer porradaria e gore (ambas são abordagens válidas, vale ressaltar).

Além disso, a equipe de filmagem contribuiu para a criação da atmosfera sufocante de Extermínio usando câmeras digitais para dar um efeito granulado e quase caseiro às gravações, fazendo com que a fotografia também ajudasse a transmitir a ideia realista que tanto chamou atenção na época do lançamento. Afinal, esse visual servia como apoio para consolidar ainda mais a noção de que os horrores vistos ali poderiam acontecer com qualquer um.
Outra inovação do gênero apresentada por Extermínio nos anos 2000 tem relação com os próprios zumbis, já que, no longa de Danny Boyle, eles não estão exatamente mortos. Na trama, uma pessoa pode ser infectada por gotas de sangue, por exemplo, demorando uma questão de segundos para se transformar em uma criatura extremamente violenta e mortal, sem necessariamente morrer do jeito convencional para isso.
Ainda falando da caracterização dos zumbis, Extermínio também apresentou criaturas mais rápidas, subvertendo aquela ideia de que mortos-vivos eram lentos, desengonçados e até mesmo engraçados, como a década de 1990 vinha mostrando. Com zumbis mais velozes, a sensação de perigo no filme de Boyle é mais intensa, já que, no filme, basta um piscar de olhos para que o caos de uma perigosa perseguição tenha início.
Graças a todos esses aspectos, Extermínio foi o grande responsável por, de certa forma, resgatar o gênero de zumbis da decadência, evitando que o formato caísse no esquecimento depois de uma era de glória. Filmes como Madrugada dos Mortos (2004) e Planeta Terror (2007), e até mesmo a série The Walking Dead foram consequências daquilo que o longa desenvolvido por Danny Boyle e Alex Garland alcançou em 2002.
Extermínio: A Evolução estreia em junho nos cinemas
Mais de 20 depois do lançamento do primeiro filme, Extermínio vai ganhar seu terceiro capítulo neste mês. Intitulado Extermínio: A Evolução, o longa chega após Extermínio 2 (2007), que deu continuidade ao universo da franquia no final dos anos 2000, apesar de não ter recebido tanta comoção quanto o longa com Cillian Murphy.
Estrelado por Aaron Taylor-Johnson (Nosferatu), Jodie Comer (Killing Eve) e Ralph Fiennes (Conclave), Extermínio: A Evolução vai se passar 28 anos após o início da infecção mortal apresentada no primeiro filme. Na trama, o mundo ainda está enfrentando os horrores do apocalipse, com um grupo de sobreviventes vivendo em uma ilha extremamente protegida. Quando um dos integrantes parte em uma missão fora do local, segredos terríveis são revelados, mostrando que os horrores mudaram não somente os infectados, mas também a natureza dos seres humanos restantes.
Extermínio: A Evolução tem direção de Danny Boyle, que também assina o roteiro juntamente com Alex Garland, retomando a parceria do filme de 2002. Mais dois filmes da franquia estão em desenvolvimento: 28 Years Later Part 2: The Bone Temple (Extermínio: A Evolução Parte 2 – Templo de Ossos, em tradução livre) e Extermínio: A Evolução Parte 3, que ainda não recebeu um título oficial.
Extermínio: A Evolução estreia no dia 19 de junho nos cinemas brasileiros.
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