Foi em julho de 1969 que o mundo assistiu maravilhado às imagens que, embora tivessem pouca nitidez, mostravam Neil Armstrong dar os primeiros passos na superfície da Lua na missão Apollo 11. Quase cinco décadas depois, a NASA e outras agências espaciais se preparam para levar novos astronautas à superfície lunar — e agora querem mostrar tudo em alta definição.
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Antes, houve a Apollo 10, missão que contou com os astronautas Thomas P. Stafford, Eugene A. Cernan e John W. Young naquela que foi a primeira empreitada do programa que levou a espaçonave Apollo para dar uma volta completa ao redor da Lua. Na ocasião, o que eles tinham em mãos para registrar a viagem era uma roda de cores rotativa em uma pequena câmera em preto e branco.

Eis que o primeiro pouso do ambicioso programa aconteceu em 1969, com a Apollo 11. As imagens daquela missão, bem como das demais que contaram com astronautas caminhando na superfície lunar, mostraram em sua grande maioria os tripulantes saindo do módulo de pouso, explorando a Lua e até tirando “selfies”. E claro que muitas das fotos estão desfocadas, com exposição excessiva, trêmulas e mais.
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“Metade das fotos na coleção [da Apollo] têm falhas, mas a falha é essencial”, ressalta Katie M. Palmer, jornalista de ciência. “Editar todas as imagens da Lua não tão bonitas é esquecer todo o esforço por trás de fazê-las acontecer — esquecer o incêndio na Apollo 1, que matou três astronautas na plataforma de lançamentos e que quase acabou com toda a iniciativa”, acrescentou.
Agora, enquanto a NASA se prepara para levar novos astronautas à Lua com o programa Artemis, as expectativas são grandes — para os objetivos científicos das missões, claro, mas também para não frustrar um público grande e que quer acompanhar tudo com imagens em alta qualidade.

A Artemis III, que é a primeira que deve levar astronautas à superfície lunar, não deve ser lançada antes de 2027. Por enquanto, os engenheiros da missão planejam usar câmeras instaladas nos trajes espaciais dos astronautas, cujas gravações vão ser enviadas para as instalações da NASA em Houston, no Texas. Depois, os times de controle da missão vão decodificar o conteúdo e disponibilizá-lo ao público.
Mas como ir além?
Imagens da Lua em alta resolução
Para tentar descobrir, o Centro Alemão Aeroespacial (DLR) e a Agência Espacial Europeia simularam uma caminhada lunar em um cenário realístico nas instalações do laboratório LUNA, na Alemanha, que imita as condições lunares para testes de equipamentos e procedimentos. Com o experimento, eles conseguiram imagens dos astronautas saindo do módulo de pouso, explorando seus arredores e tirando “selfies”.
Veja abaixo o LUNA:
A ideia é que as agências usem as imagens do “ensaio” como referência para as futuras operações na superfície lunar. Para isso, eles trabalharam no desenvolvimento de pequenos vídeos com cenas simples e filmagens com grande quantidade de movimento — as chamadas “assassinas de encoder” — para encontrar uma forma de reduzir o consumo de banda para as transmissões realizadas da Lua.
Para garantir a qualidade e compatibilidade, especialistas de mais de 20 países discutiram diferentes tipos de encodeamento e transmissão sem abrir mão da qualidade dos dados e envio das informações. De forma resumida, eles estão investigando os obstáculos de receber imagens de alta qualidade através da banda larga disponível na Lua, que vai ter limitações.
Por enquanto, eles notaram que vídeos em HDR devem fornecer mais detalhes das áreas lunares nas sombras. O problema é que enviar vídeos na Lua não é fácil devido ao tamanho dos arquivos e consumo de energia — os equipamentos lunares precisam ser leves, ter baixo consumo energético e, claro, devem resistir às grandes variações de temperatura.

Na época do programa Apollo, as transmissões ocorriam em frequências que exigiam 20 mil watts de energia para o envio dos sinais, sendo que leva 1,3 segundos para um sinal de rádio viajar da Lua à Terra. Pensando nestas questões, a ESA planeja levar à órbita lunar uma constelação de cinco satélites, que promete dar um belo impulso à comunicação entre nosso satélite natural e a Terra.
E não pense que as soluções desenvolvidas vão ter aplicação somente no programa Artemis. “Esses esforços devem ajudar as agências e empresas a criar uma base de verdade para aplicativos e equipamentos de vídeo. As atividades para refinar a qualidade do vídeo não são voltadas apenas para imagens da Lua, mas para todas as transmissões espaciais”, comentou Falk Schiffner, representante da DLR na equipe de imagens e aplicações.
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