A essa altura, já está claro para boa parte das organizações que a inteligência artificial, sozinha, não resolve. No artigo “Por que a IA precisa estar integrada aos processos para gerar valor real”, falamos sobre a importância de integrar a IA aos processos. Agora, precisamos enfrentar um segundo ponto crucial: de nada adianta a melhor tecnologia se a cultura da empresa, seus processos e sua equipe não estiverem preparados para operar com inteligência.
Imagine tentar instalar um motor de Fórmula 1 em um carro de passeio. A potência existe, mas sem a estrutura adequada, o resultado pode ser desastroso. É exatamente isso que acontece quando empresas investem em IA, mas não cuidam de seus fundamentos operacionais e humanos.
A base da transformação: processos, cultura e capacitação
Por trás de toda grande inovação tecnológica está uma fundação sólida. E essa base é construída com processos bem definidos, governança, dados confiáveis e, principalmente, pessoas preparadas para usar a tecnologia de forma estratégica.
A IA, quando aplicada sem esse alicerce, pode até acelerar etapas, mas tende a amplificar falhas, gerar ruído na comunicação entre áreas e prejudicar decisões críticas. Ao contrário, quando sustentada por processos inteligentes, ela atua como aliada na construção de uma empresa mais ágil, eficiente e adaptável.
A cultura como elemento-chave
Mais do que automatizar tarefas, estamos falando sobre mudar a forma como o trabalho é feito. Isso exige uma cultura organizacional que valorize a experimentação, a colaboração entre áreas e a autonomia das equipes para testar novas soluções.
É comum ver empresas com ferramentas poderosas, mas que não conseguem extrair valor real simplesmente porque o mindset interno ainda está preso ao modelo analógico. Não basta treinar a máquina. É preciso treinar as pessoas para pensar e agir com inteligência.
Pessoas no centro da equação
A inteligência artificial deve ser uma extensão da inteligência humana e não sua substituta. Equipes bem treinadas são capazes de interpretar os insights gerados pela IA, ajustar os fluxos conforme a realidade do negócio e tomar decisões com mais embasamento.
Na prática, isso significa investir em capacitação, promover o uso ético e consciente da tecnologia e envolver as pessoas desde a concepção até a operação dos projetos. Quando colaboram com a IA, os profissionais deixam de ser operadores e passam a ser estrategistas.
O futuro é da hiperautomação com propósito
Mais do que implantar IA, o desafio é orquestrar tecnologia, processos e cultura de forma harmônica. É isso que permite ir além da automação pontual e alcançar a hiperautomação: um modelo onde a inteligência está distribuída por toda a cadeia operacional, conectando dados, decisões e pessoas em tempo real.
E é justamente aí que mora o diferencial competitivo. Empresas que constroem essa base sólida hoje não só colhem mais resultados, como também estão preparadas para inovar de forma contínua.
Porque no fim das contas, a verdadeira revolução não acontece nas máquinas. Acontece na forma como usamos a tecnologia para transformar o nosso jeito de trabalhar.
Tiago Amor, CEO da Lecom.
Fonte: TI INSIDE Online - Leia mais