O telescópio James Webb, o mais poderoso observatório já enviado ao espaço, mostrou que a atmosfera de Plutão é diferente de qualquer outra do nosso Sistema Solar e confirmou o que cientistas descreveram como uma “ideia maluca”. Com o telescópio, pesquisadores descobriram que as partículas da névoa de nitrogênio, metano e monóxido de carbono que cerca o planeta anão ajudam a controlar o equilíbrio da sua atmosfera através de ciclos de aquecimento e resfriamento.
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Esta mistura que forma a atmosfera de Plutão foi registrada nas imagens capturadas pela missão New Horizons, que foi lançada em 2007 e alcançou o planeta em 2015, e representa um ótimo experimento da fotoquímica do metano e nitrogênio. Só que, para entender como tal experimento funciona, os cientistas precisavam de observações mais longas do que aquelas que a New Horizons conseguiu.

É aqui que entra o Webb, que usou seus instrumentos para analisar a névoa e a atmosfera de Plutão e de Caronte. Os novos dados revelaram variações nas mudanças de temperatura no planeta anão e em sua lua ao longo das suas rotações e, ao comparar os dados com os modelos térmicos dos planetas, os pesquisadores conseguiram identificar as propriedades por trás das distribuições globais de gelo em Plutão.
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Basicamente, os ciclos da distribuição de voláteis congelados por lá está por trás da migração dos depósitos de gelo em sua superfície — é como se estes depósitos fossem capturados e redistribuídos depois. Aliás, parte do material é completamente removida de Plutão e levada a Caronte. Este processo nunca foi visto em nenhum outro mundo do Sistema Solar.
As observações foram inspiradas por uma ideia apresentada por Xi Zhang, astrônomo da Universidade da Califórnia. “Foi uma ideia maluca”, recordou ele. Basicamente, ele e seus colegas sugeriram que, se havia uma névoa esfriando Plutão, ela deveria emitir radiação no infravermelho médio. E mais: o fenômeno seria visível para um telescópio sensível a estes comprimentos de onda.
Pensando nisso, astrônomos liderados por Tanguy Bertrand, do Observatório de Paris, usaram o Webb para estudar como a névoa altera o equilíbrio térmico de Plutão. Zhang comemorou os resultados:
“Ficamos muito, muito orgulhosos, porque isso confirmou nossa previsão. Não é comum ter uma hipótese confirmada tão rapidamente na ciência planetária, em questão de alguns anos. Então nos sentimos com muita sorte e felizes.”
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