À frente de uma empresa que nasceu analisando risco de crédito com dados abertos, Daniel Mendes, CEO e fundador da DataHolics, agora aposta em inteligência artificial generativa para resolver um dos maiores gargalos do ecossistema de startups: a dificuldade de conexão eficiente entre startups e grandes corporações.
“Percebi uma desconexão enorme entre o potencial das startups e a real capacidade das empresas de absorver e transformar esse potencial em inovação prática”, explica Mendes.
Após participar de programas de aceleração nos Estados Unidos, China e Japão — incluindo passagens por Google, Visa e a gigante japonesa NTT— Mendes entendeu que o networking humano, ainda dominante nos programas de inovação aberta, precisava ser complementado por algo mais robusto. Foi assim que nasceu a GenOI — um sistema de inteligência artificial generativa voltado à inovação aberta.
GenOI: inteligência artificial que entende o problema antes de indicar a solução
A GenOI é mais que uma simples plataforma. Ela realiza entrevistas com as empresas para entender com profundidade os desafios enfrentados — muitas vezes, melhor do que os próprios gestores conseguem fazer. A IA, a partir desse diagnóstico, mapeia startups, centros de pesquisa e tecnologias ao redor do mundo capazes de atender àquela demanda, traçando planos completos de inovação, incluindo provas de conceito e previsão de impactos.
“Com a GenOI, as empresas não apenas encontram startups. Elas entendem seu problema em profundidade e recebem um plano concreto para resolvê-lo. A inteligência artificial cerca o problema, identifica soluções possíveis e conecta com os parceiros ideais”, afirma Mendes.
Um exemplo recente foi um projeto com distribuidoras de energia elétrica no Brasil. Durante um programa de inovação aberta lançado após as fortes tempestades que atingiram São Paulo, a IA da DataHolics detectou logo no primeiro dia que as startups brasileiras, embora promissoras, ainda não tinham maturidade para resolver o desafio. A GenOI então apontou o Reino Unido como o ecossistema mais avançado nesse tipo de tecnologia. O resultado? O foco do programa foi redirecionado e, hoje, 26 startups britânicas estão rodando projetos em parceria com as distribuidoras brasileiras.
Modelo de negócios: plataforma e programa de inovação assistida
A DataHolics oferece a GenOI sob duas frentes principais. A primeira é a GenOI Platform, um software baseado em assinatura mensal, no qual as empresas podem inserir seus desafios e receber sugestões automatizadas de soluções e startups. A segunda é um programa de inovação aberta com consultoria assistida por IA, destinado a empresas que ainda não têm maturidade para operar apenas com a plataforma.
“Nem todas as empresas estão prontas para usar uma ferramenta sozinhas. Por isso, oferecemos um programa de um mês com entrevistas, mesas de negócios, seleção de startups e desenho dos projetos”, detalha Mendes.
A empresa também está começando a oferecer o programa a associações e entidades setoriais, como forma de criar programas coletivos de inovação aberta — inclusive com IAs personalizadas para cada ecossistema.
Uma nova unidade de negócios e crescimento rápido
Essa virada estratégica da DataHolics deu origem a uma nova unidade de negócios. A empresa, que mantém ainda sua operação de análise de crédito, está atualmente com 12 colaboradores e tem sede no Inovabra Habitat, mantendo um modelo de trabalho híbrido e remoto.
O desenvolvimento da GenOI levou cerca de um ano, e o produto foi lançado há apenas quatro meses. Desde então, já foi testado com cinco grandes organizações, incluindo distribuidores de energia e instituições público-privadas. Os resultados, segundo Mendes, são promissores. “É uma tecnologia prática, que nasceu de dores reais. E isso tem feito toda a diferença”, conclui.
Fonte: TI INSIDE Online - Leia mais