O início da Era Espacial tem suas raízes na década de 1950 e, desde então, mais de 50 mil objetos foram lançados à órbita do nosso planeta. A Agência Espacial Europeia estima que cerca de 30 mil deles ainda estejam em órbita, somando quase 9.300 toneladas — mas, embora permaneçam lá, muitos já realizaram reentradas descontroladas, atingindo propriedades e até pessoas.
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Foi em 4 de outubro de 1957 que a antiga União Soviética fez história com o lançamento do Sputnik, o primeiro satélite artificial do mundo. Desde então, mais de 6.050 lançamentos ocorreram, levando ao espaço dezenas de milhares de objetos que seguem monitorados pela Rede de Vigilância Espacial dos Estados Unidos.

Cerca de 24% dos objetos catalogados são satélites (e menos de 30% destes ainda estão em operação), enquanto 11% são estágios superiores de foguetes e os outros restantes são objetos de missões espaciais, como adaptadores de lançamentos.
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É certo que a maioria destes satélites mergulha na atmosfera e acaba completamente queimada na reentrada. Mas, embora as chances sejam baixas, é possível, sim, que alguns destes objetos acabem chegando ao solo — tanto que a quantidade de incidentes do tipo aumentou desde 2000.
Abaixo, você confere alguns incidentes do passado envolvendo lixo espacial:
1. Espaçonave soviética
Em 1969, um grupo de diplomatas do Japão relatou um evento inusitado: um navio cargueiro do país foi atingido por destroços de uma espaçonave soviética enquanto navegava pelo litoral da Sibéria. Segundo a delegação, a embarcação ficou danificada e os cinco marinheiros foram feridos.
2. Kosmos 482 em pedaços

Já em 1972, a União Soviética lançou seu satélite Kosmos-482 com destino a Vênus, mas uma falha no lançamento impediu que a espaçonave seguisse ao seu destino. O resultado? A sonda ficou na órbita da Terra e um dos seus componentes se quebrou em diferentes pedaços — quatro deles, esféricos e de titânio, caíram, ainda naquela época, nos arredores de Ashburton, na Nova Zelândia, em abril daquele ano.
As esferas estavam tão quentes que abriram buracos em plantações e deixaram marcas no solo, sem deixar feridos. Seis anos depois do incidente, um objeto parecido foi encontrado perto de Eiffelton, a 20 km de Ashburton. Restos da Kosmos 482 terminaram de cair em 2025, após mais de 50 anos.
3. Restos do satélite Kosmos 954
Em setembro de 1977, os soviéticos lançaram o satélite de reconhecimento Kosmos 954, mas houve um problema: devido a uma falha, a espaçonave não se separou corretamente do seu reator nuclear. Eis que, em janeiro do ano seguinte, o objeto reentrou na atmosfera e explodiu sobre o Canadá, espalhando detritos radioativos.
4. Estação espacial Skylab

Lançada entre 1973 e 1974, a Skylab foi a primeira estação espacial dos Estados Unidos. Sua reentrada aconteceu em 1979 devido à atividade solar e nem os cientistas sabiam exatamente onde seus fragmentos iriam descer. No fim, parte dos detritos caiu nas águas do Oceano Índico, e outros, no território da Austrália — moradores relataram ter ouvido o estrondo sônico da reentrada.
5. Satélite Kosmos 1890
Um grande pedaço de metal aquecido atingiu duas casas em Lakeport, na Califórnia, em 1987. Segundo oficiais da Força Aérea norte-americana, o objeto em questão poderia ser o propulsor do foguete usado para lançar o satélite Kosmos 1890.
6. Estação espacial Salyut 7
A estação espacial soviética Salyut 7 foi lançada em 1982 e reentrou na atmosfera após nove anos em órbita. Seu retorno proporcionou um show de luzes no céu da Argentina e um fragmento metálico da sua estrutura foi encontrado no quintal de uma casa em Capitán Bermúdez, em Rosário, Argentina.
7. Tanque de foguete atinge mulher

O risco de lixo espacial cair em alguém é baixo, mas não nulo. Lottie Williams é a prova disso. Em janeiro de 1997, ela estava caminhando em um parque em Turley, Oklahoma, quando viu algo que descreveu como uma “estrela cadente” no céu; poucos minutos depois, algo atingiu seu ombro e caiu na grama.
Pois bem, a “estrela” era um fragmento do segundo estágio do foguete Delta II, usado para lançar um satélite da Força Aérea. As análises mostraram que o que atingiu o ombro dela era um componente com material parecido com aquele da câmara do motor do foguete.
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Fonte: Canaltech - Leia mais