O setor de pagamentos vive uma revolução profundamente transformadora, motivo pelo qual a Mastercard quer assumir o protagonismo na evolução do mercado, investindo em soluções digitais, inteligência artificial e segurança cibernética para redefinir a experiência do consumidor.
Em entrevista à TI INSIDE, Leonardo Linares, Vice-Presidente Sênior de Soluções para Clientes da Mastercard Brasil, falou sobre o futuro dos pagamentos sem senha, o papel da biometria, os desafios da segurança digital e os próximos passos da companhia no país – incluindo uma parceria estratégica com a Oracle para integrar o cartão Mastercard ao sistema de gestão empresarial Oracle Fusion.
A Mastercard tem uma meta clara: eliminar o uso de senhas nas transações online até 2030 — e, segundo Linares, o Brasil deve alcançar esse marco ainda antes. “Hoje conseguimos unir segurança e experiência de forma muito mais integrada. A ideia de que, para ser seguro, era preciso complicar a jornada do consumidor, está ficando no passado”, afirma.
A chave para isso está na combinação de tecnologias como tokenização, autenticação biométrica e inteligência artificial, que tornam as transações mais seguras e simplificadas. “A tokenização evita a exposição dos dados do cartão em múltiplos pontos da cadeia, e a biometria permite validar uma compra com apenas um clique”, explica.
Segurança digital em primeiro plano
Diante do crescimento das ameaças digitais, a Mastercard tem intensificado seus investimentos em cibersegurança. “Nos últimos anos, investimos cerca de 10 bilhões de dólares globalmente em plataformas para antecipar fraudes, muitas delas baseadas em IA”, revela Linares. Isso inclui o uso de biometria comportamental, que analisa desde o jeito que o usuário segura o celular até seus erros de digitação para detectar comportamentos atípicos.
Apesar dos avanços, Linares reconhece que os fraudadores estão cada vez mais sofisticados. “Eles são profissionais, estão sempre tentando burlar o sistema. Por isso, a gente precisa estar sempre um passo à frente.”
Cartão físico e PIX
A popularização dos pagamentos por aproximação (NFC) é outro destaque: “Mais de 50% das transações físicas no Brasil já são sem contato, seja por cartão ou celular”, diz o executivo. Mas, ao contrário do que se pensa, o cartão físico ainda está longe de desaparecer. “Ele continua essencial em regiões sem cobertura de NFC ou conectividade. O plástico ainda é a opção mais acessível e segura em muitos contextos”, defende.
Sobre o avanço do Pix, especialmente com o lançamento do Pix programado, que pode impactar o uso de cartão, Linares vê o movimento como positivo: “É uma alternativa a mais para o consumidor. A Mastercard não compete com o Pix, ela oferece alternativas”. No entanto, ele ressalta as vantagens que o cartão ainda oferece, como mecanismos de contestação, programas de fidelidade e garantias em compras, que nem sempre estão disponíveis em pagamentos instantâneos.
Hiperpersonalização e IA: o cliente no centro
Outro foco da Mastercard é a hiperpersonalização da experiência do consumidor. “Muitos usuários ainda não conhecem todos os benefícios dos seus cartões. Estamos investindo em plataformas de IA que usamos para oferecer recomendações personalizadas de produtos e vantagens”, afirma Linares.
A Mastercard também vem trabalhando com conceitos emergentes como os Agent Payments — pagamentos mediados por inteligência artificial — e explora como a IA pode não só prever comportamentos de fraude, mas também antecipar necessidades de consumo.
Parceria com a Oracle: integração nativa no Oracle Fusion
Uma das novidades mais estratégicas anunciadas pela empresa no Brasil é a integração da Mastercard ao sistema Oracle Fusion, a plataforma de ERP em nuvem da Oracle. “Estamos trazendo ao Brasil, primeiro país da América Latina a receber essa parceria, a possibilidade de pagamentos corporativos por cartões virtuais diretamente integrados ao sistema de gestão”, revela Linares.
Esses cartões virtuais facilitam processos como reconciliação contábil e controle de gastos com regras predefinidas de valor, local e período de uso. “É uma experiência que traz segurança e produtividade, reforçando a tendência de integração nativa entre pagamento e gestão empresarial.”
Pagamentos em serviços públicos e mobilidade urbana
Apesar do avanço no setor privado, Linares aponta que os serviços públicos ainda são uma “grande avenida de crescimento”. “A experiência de pagamento em prefeituras, repartições ou na coleta de impostos ainda é ruim. Um exemplo de avanço é o transporte público, onde temos ampliado o uso do pagamento por aproximação nas catracas, algo que melhora muito o fluxo e a experiência do cidadão”, explica.
“E com parcerias como a da Oracle, o Brasil se posiciona como um dos protagonistas desse novo capítulo na história dos pagamentos”, ressalta.
Fonte: TI INSIDE Online - Leia mais