A sonda MAVEN, da NASA, observou pela primeira vez o processo que pode explicar como Marte perdeu sua atmosfera: o segredo estaria nas partículas do vento solar, que iriam interagir com as partículas atmosféricas como um “pulo bomba” em uma piscina. Os dados sobre este “canhão de partículas” são importantes, porque podem ajudar os cientistas a entenderem como o Planeta Vermelho, que já teve rios e lagos, se transformou no deserto frio e gelado que vemos hoje.
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Marte tem vales que já abrigaram rios, leitos de antigos lagos e minerais que só se formam na presença da água. Só que, para a água no estado líquido poder existir por longos períodos por lá, o planeta precisaria de uma atmosfera densa o suficiente para reter calor e permitir maior pressão atmosférica. E não é o que se observa lá hoje.

Assim, entender como e quando a atmosfera marciana desapareceu é o segredo para os cientistas descobrirem por quanto tempo o planeta pode ter sido habitável. Por enquanto, os principais suspeitos são o vento solar e a radiação: as partículas altamente energéticas do vento solar colidiram com a atmosfera do planeta, transferindo energia aos átomos neutros e fazendo com que escapassem da gravidade rumo ao espaço ou para a crosta.
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“É como fazer o ‘pulo bomba’ na piscina”, explicou Shannon Curry, autora que liderou o estudo. “Só que a ‘bomba’, neste caso, são os íons pesados que colidem com a atmosfera muito rapidamente, e expulsam os átomos neutros e as moléculas”, acrescentou. Chamado de “pulverização”, o processo já era considerado significativo na evolução climática de Marte, mas foi só agora que foi observado diretamente.
Ela e seus colegas usaram os dados de três instrumentos da MAVEN e criaram um mapa detalhado do gás argônio na atmosfera superior do Planeta Vermelho. Este gás nobre é quimicamente inerte, é pesado e é resistente a cargas elétricas, o que faz com que não interaja com outros processos atmosféricos. Assim, qualquer perda significativa do composto seria uma pista da pulverização.
É aqui que entra a MAVEN, que encontrou as maiores concentrações do gás nas altitudes em que as partículas do vento solar colidiram com a atmosfera marciana. Como a presença do gás ali foi maior do que o esperado a partir da gravidade dos planetas, esta é uma evidência direta de que a pulverização está levantando e removendo as partículas de Marte. Assim, o processo pode explicar a perda atmosférica de Marte — e, consequentemente, da água líquida.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science Advances.
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Fonte: Canaltech - Leia mais