A evolução de tecnologias como a inteligência artificial (IA) — e até mesmo as automações impulsionadas por essas soluções — está transformando por completo a indústria da tecnologia e, consequentemente, a forma como trabalhamos. A América Latina avança rapidamente nessa adoção, com países como Brasil, México, Chile e Colômbia liderando os investimentos em IA, segundo o Índice Latinoamericano de Inteligência Artificial[1]. Essas tecnologias possibilitam ganhos de produtividade e eficiência nos diversos contextos em que atuamos, no entanto, a integração de qualquer tecnologia emergente vem acompanhada de novos desafios
À medida que as empresas adotam equipamentos avançados com IA embarcada, cresce de forma exponencial a necessidade de proteger dados sensíveis, evitar vulnerabilidades e garantir a privacidade. Na América Latina, essa adoção acelerada de IA já se reflete no aumento dos ataques cibernéticos: o Relatório Global sobre o Estado da Tecnologia Operacional e Cibersegurança 2024, da Fortinet, revelou que 73% das organizações entrevistadas sofreram invasões em seus ambientes operacionais, um aumento significativo em relação ao ano anterior. [2] Diante desse cenário, é fundamental compreender as principais tendências e desafios da cibersegurança na era da inteligência artificial:
IA como aliada na defesa contra ameaças digitais: O mesmo poder que torna a inteligência artificial uma ferramenta inovadora para usuários e empresas também está sendo explorado por cibercriminosos. Desde a automação de ataques cibernéticos até tentativas de phishing cada vez mais personalizadas, espera-se um aumento na sofisticação e no impacto dessas ameaças. Segundo um relatório da Kaspersky, os ataques de phishing cresceram 617% em todo o mundo desde 2022, impulsionados pelo uso de IA para criar mensagens mais convincentes e direcionadas a usuários específicos[3]. Para enfrentar esse cenário, as empresas precisarão adotar soluções de segurança avançadas, que integrem IA para detecção proativa de ameaças e proteção em tempo real.
Proteção de endpoints: a chave para um mundo hiperconectado
A velocidade com que os cibercriminosos identificam e exploram vulnerabilidades nos pontos de acesso exige medidas de segurança cada vez mais robustas. Em um mundo onde dispositivos estão constantemente conectados e trocando informações sensíveis, proteger os endpoints — como notebooks, desktops e estações de trabalho — torna-se essencial para prevenir brechas e manter a integridade dos sistemas empresariais.
Por outro lado, a adoção acelerada de modelos de trabalho híbrido também ampliou exponencialmente os riscos cibernéticos. Prevemos que tecnologias de monitoramento contínuo e recuperação automatizada sem intervenção da equipe de TI serão essenciais para garantir a proteção de dispositivos como impressoras e computadores pessoais — cada vez mais expostos fora dos ambientes corporativos tradicionais
Transparência e confiança: novas exigências na compra de tecnologia
Atualmente, tanto usuários quanto empresas estão exigindo garantias mais sólidas de segurança dos fornecedores de tecnologia. Isso inclui auditorias de segurança, com muitos clientes dispostos a pagar um valor premium por produtos que ofereçam níveis mais altos de proteção. Segundo o Relatório Trust Barometer 2025, 78% dos brasileiros confiam no setor de tecnologia, acima da média global de 76%. Diante desse cenário, as organizações precisarão repensar seus processos de aquisição, adotando uma abordagem colaborativa entre as equipes de compras, TI e segurança, para definir os requisitos dos dispositivos, validar as respostas dos fornecedores e auditar os parceiros de tecnologia
A expansão da IoT e o fortalecimento da arquitetura de confiança zero
O crescimento dos dispositivos de Internet das Coisas (IoT) em redes corporativas — como impressoras, câmeras de segurança e sensores — ampliou significativamente a superfície de ataque das empresas. No entanto, muitos desses dispositivos ainda carecem de segurança robusta, o que facilita a ação de cibercriminosos. Para enfrentar essa ameaça crescente, é essencial que as organizações garantam que cada dispositivo possua segurança integrada ao hardware e recursos avançados de proteção. A adoção de uma arquitetura de confiança zero será fundamental para reduzir os riscos, assim como uma abordagem de segurança em camadas, que envolva desde o hardware até o software e os serviços conectados.
Precisamos contribuir para a construção de um ambiente digital mais seguro e resiliente — onde a tecnologia não apenas proteja, mas também facilite o dia a dia das pessoas, oferecendo a confiança necessária para operarem sem preocupações. Assim, empresas que adotarem soluções avançadas e arquiteturas de confiança zero estarão mais bem preparadas para proteger seus dados e garantir um ambiente digital mais seguro.
Mateo Figueroa, diretor-geral da HP para a América Latina
[1]Centro Nacional de Inteligência Artificial (CENIA) e Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Índice Latinoamericano de Inteligência Artificial 2024, disponível em: https://indicelatam.cl/wp-content/uploads/2025/01/ILIA_2024_020125_compressed.pdf
[2] Fortinet. (2024). Informe Global sobre o Estado da tecnologia operacional e a Cibersegurança 2024. Disponível em: https://www.fortinet.com/lat/corporate/about-us/newsroom/press-releases/2024/fortinet-report-threat-actors-increasingly-targeting-ot-organizations
[3] Kaspersky. Spam and Phishing Report 2023. Disponível em: https://securelist.lat/spam-phishing-report-2023/98496
Fonte: TI INSIDE Online - Leia mais