Você talvez se lembre que, há pouco mais de uma década, era muito comum encontrar celulares coloridos no mercado. A linha Galaxy S, os Moto G da Motorola e até mesmo o iPhone enchiam o segmento mobile com alternativas de cores bem mais variadas – muitas delas com tons vivos e muito vibrantes.
Com o tempo, esses modelos foram se tornando escassos, até chegar ao ponto em que estão praticamente extintos. Os poucos smartphones modernos que oferecem cores muito fortes costumam se limitar a um nicho mais específico; em alguns casos extremos, estão apenas testando alguma tecnologia que inova no fator estético. Com isso, fica a questão: por que os celulares coloridos perderam popularidade?
Herança Fordista
A resposta mais lógica para essa pergunta seria atribuída ao interesse do público – afinal, se as fabricantes abriram mão, significa que o público não tem mais interesse nesse tipo de smartphone, não é? Não exatamente. Ao analisar essa tendência mais profundamente, pode-se observar que foram as marcas que nos induziram a priorizar apenas cores básicas em seus celulares – preto, branco e cinza.
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Luxuosas e elegantes, essas cores dominam o mercado mobile contemporâneo e definem o setor tecnológico como um todo. É difícil ver uma empresa do segmento utilizando tons diferentes não apenas nos seus produtos, mas na sua identidade visual de forma generalizada. Muito dessa tendência é uma herança de um pensamento com mais de 100 anos de mercado, originalmente implementado na indústria automobilística.

Em 1914, Henry Ford implementou o sistema que hoje chamamos de Fordismo. Para Ford, oferecer carros variados e customizados era impensável, já que isso atrapalharia sua produção em massa. Para atender uma alta demanda e reduzir custos, a ideia era fabricar sempre o mesmo produto, sem variações de cores ou alterações entre si. Foi daí que veio sua famosa frase “As pessoas podem escolher qualquer cor para o Ford T, desde que seja preto“.
Pode-se dizer que essa ideologia moldou o mercado automobilístico em definitivo. Até hoje não vemos carros coloridos sendo vendidos direto da fábrica. A indústria mobile bebe muito dessa fonte e, da mesma forma, tem seguido passos semelhantes há vários anos. Ainda que muitos fabricantes ofereçam mais de uma cor para seus lançamentos, todas elas costumam se basear apenas no básico, vez ou outra trazendo cores diferentes que ainda se prendem a um tom discreto e minimalista.
Psicologia das cores
Existe uma teoria conhecida como psicologia das cores que defende a hipótese de que cada cor desperta diferentes sentimentos e sensações no cérebro humano. No geral, existe um consenso de como cada tom afeta nosso psicológico, mas também é possível manipular essas reações de acordo com diferentes contextos.
É isso que explica a psicóloga australiana Karen Haller, especialista no assunto e mentora de diversas gigantes de diferentes indústrias, responsável por auxiliar na criação de campanhas baseadas em cores. Heller explica que a Apple hierarquizou as cores com grande maestria na indústria mobile, o que acabou “prejudicando” a imagem dos tons mais vibrantes no nosso subconsciente.

Antigamente, era comum vermos iPhones de várias cores disponíveis no mercado. Conforme o produto foi se fechando a uma linha cada vez mais premium, eles passaram a adotar três cores como suas principais: preto, branco e dourado. Vez ou outra, ainda se vê novos iPhones com outras tonalidades, mas esses três modelos sempre são consideravelmente mais caros.
Na época em que começou com isso, a Apple passou a concentrar os modelos coloridos para suas linhas mais básicas e acessíveis. O iPhone 5C, por exemplo, estava disponível em variações de rosa, amarelo, azul e verde. Já o SE, que deu continuidade à linha dos “iPhones baratos”, contava com um tom de vermelho bem forte (que também se estendeu para o iPhone 14, já descontinuado). Hoje, o 16e, modelo mais econômico da marca, possui apenas as cores básicas e “luxuosas”.
Sendo assim, podemos observar que o sumiço dos celulares coloridos não foi uma questão de preferência do público, mas sim uma série de tendências impostas pelos próprios fabricantes. O mercado mobile se tornou mais minimalista e, sem muita escolha, acabamos aceitando a mudança sem sequer nos darmos conta.
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Fonte: Canaltech - Leia mais